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Construindo juntos um plano de ação em São Paulo

Após um intenso processo de seis meses, o Centro de Referência para a Primeira Infância (um projeto financiado pelo BvLF no âmbito do seu trabalho com Urban95 em São Paulo) preparou um Plano de Trabalho e Avaliação (PTA) que guiará suas atividades para os próximos anos.

Após um intenso processo de seis meses, o Centro de Referência para a Primeira Infância (um projeto financiado pelo BvLF no âmbito do seu trabalho com Urban95 em São Paulo) preparou um Plano de Trabalho e Avaliação (PTA) que guiará suas atividades para os próximos anos.

Na versão inicial do PTA são definidas seis grupos de intervenção: mulheres grávidas, gravidez na adolescência, bebês com idade inferior a um ano de idade, crianças entre 1 e 3 anos de idade, crianças entre 4 e 6 anos e equipe de trabalho responsável (porque o sucesso do projeto depende do bom funcionamento do grupo). Para cada grupo de intervenção, o PTA define uma série de questões (ex. como garantir que adolescentes grávidas façam o acompanhamento pré-natal), respostas (visitas domiciliares), indicadores (o número de lares visitados), e as pessoas responsáveis.

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Porém, ainda mais relevante do que o próprio plano é o método utilizado para sua preparação e o sistema com o qual será avaliado e atualizado continuamente. Cerca de 45 pessoas se encontram a cada mês, durante dois dias. Reúnem-se diferentes profissionais que têm contato direto com crianças e famílias: de trabalhadores no campo da assistência à infância a professores, enfermeiros e agentes comunitários de saúde. Todos são voluntários que se ofereceram para participar depois que o projeto contatou os líderes de suas instituições em busca de apoio.

As sessões de dois dias/mês combinam o treinamento – no qual os participantes compartilham o conhecimento entre si, com o desenvolvimento do PTA. Especialistas externos também são convidados, quando necessário. Com base nas teorias de Paulo Freire, os participantes ficam sentados em círculo, o que visa a permitir uma participação igual e desencorajar o surgimento de hierarquias.

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As duas organizações que coordenam o projeto (CPCD e Ibeac) prestam especial atenção à promoção da autonomia do grupo e à confiança mútua entre seus membros, através do uso de jogos e outras atividades destinadas a fazer com que todos se sintam confortáveis ao fazer sugestões. Outras técnicas também são usadas, como a apresentação de vídeos, a leitura, a meditação e a música.

No grupo de 45 pessoas que se encontram todo mês há também dez ‘mães mobilizadoras’, mulheres locais contratadas para o projeto que, entre sessões, recebem remuneração para trabalhar em pares por cinco horas por dia nas comunidades envolvidas: Barragem, Colônia, Jardim Silveira, Nova América e Vargem Grande, todos bairros na região de Parelheiros, na periferia sul da cidade de São Paulo.

Essas ‘mães mobilizadoras’ serão responsáveis pela implementação das estratégias do PTA. Enquanto a primeira versão do plano estava sendo finalizada, elas dedicaram seu tempo conversando com os moradores para conquistar sua confiança no projeto, e mapearam os serviços existentes para mulheres e crianças, bem como os locais de residência de famílias e mulheres grávidas.

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Essas mães também se encarregaram de tentar uma série de atividades iniciais, como pintar jogos nas ruas, como o da amarelinha, e organizar sessões de artesanato para gerar um ambiente descontraído para conversar sobre gravidez e maternidade. A mesma filosofia de participação que anima as sessões mensais também se aplica ao planejamento do trabalho – as mães se reúnem duas vezes por semana com o CPCD e o Ibeac para avaliar coletivamente quais atividades foram bem recebidas pelos moradores e o que precisa ser alterado, e também planejar em conjunto as próximas atividades.

O projeto já tem produzido impactos positivos em todos os que participam de seu desenvolvimento: as sessões mensais de dois dias, além de servir para preparar o PTA, trouxeram novos conhecimentos aos profissionais envolvidos, que podem agora usar em seu trabalho diário. Também mudou o ponto de vista das mães sobre seu papel na criação dos filhos. Amanda, uma delas, comenta: “Agora meu filho e eu brincamos mais e rimos com mais frequência”. Nos próximos quatro anos, o PTA ajudará o projeto a ampliar seu impacto em toda a comunidade.


Autores: 

Créditos: Danilo Verpa – Folha Imagem

Tião Rocha é fundador e presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), uma organização não governamental criada em 1984 em Belo Horizonte. É antropólogo, especialista em folclore e educador popular.

Vera Lion é coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), uma organização não governamental criada em 1981 em São Paulo. É socióloga e doutora em Serviço Social, além de trabalhar como mediadora de conflitos.

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