Se você pudesse vivenciar uma cidade a partir de 95 cm – a altura de uma criança de 3 anos – o que mudaria?
Esta é a questão chave que a iniciativa Urban95 procura responder em nome dos bebês, crianças pequenas e cuidadores que raramente têm voz no planejamento urbano, nas estratégias de mobilidade e nos programas e serviços destinados a eles.
Nós fazemos isto ajudando gestores de mobilidade, urbanistas e outros gestores públicos a entenderem como podem influenciar no desenvolvimento infantil identificando e aprimorando os territórios onde os bebês mais vulneráveis e suas famílias estão.
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Contexto
Mais de um bilhão de crianças vivem em cidades. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015 a maior parte da população brasileira, 84,72%, vive em áreas urbanas. Bebês, crianças e seus cuidadores precisam de ambientes seguros, onde serviços cruciais sejam facilmente acessíveis e interações responsivas com adultos sejam possíveis. Um ambiente físico com natureza presente, que ofereça conforto e inspiração, promoverá a possibilidade de interação com outros e exploração do ambiente, fatores fundamentais para o desenvolvimento integral.
Três lições para cidades Urban95
- Design para cuidar: bebês e crianças pequenas não andam pelas cidades sozinhos; aqueles que cuidam deles decidem para onde ir e quanto tempo ficar. Esses cuidadores precisam se sentir seguros e confortáveis.
- A proximidade importa: o bom transporte público é importante, assim como caminhar com segurança, conforto e chegar com rapidez onde você precisa ir.
- “Pense nos bebês” como um princípio universal de design: de uma perspectiva de design, a vulnerabilidade, a dependência e a forte vontade de explorar e brincar de bebês, crianças significam que, se um espaço é seguro, limpo e interessante o suficiente para eles, é provável que seja bom para todos.

O que isto significa para as cidades
Cidades para bebês, crianças pequenas e cuidadores são boas para todo mundo.
A presença de crianças e famílias geralmente é uma boa medida da vitalidade e do dinamismo de uma cidade. Projetar cidades com crianças pequenas e cuidadores em mente – por exemplo, com espaços ao ar livre, na natureza, que encorajem movimentos, brincadeiras e interações sociais seguras – é uma preocupação crescente em todos os lugares.
Famílias que estão em cidades, especialmente aquelas que vivem na pobreza, se beneficiam muito de mais serviços, melhor transporte e da oferta de espaços verdes, seguros e limpos para que crianças pequenas brinquem e para que as famílias se reúnam.
Um planejamento e um design que incorporem a experiência do bebês, das crianças na primeira infância e de seus cuidadores, ajuda as crianças a se desenvolverem; o que também beneficia outros grupos da população da cidade caracterizados por um ritmo limitado lento, como pessoas com deficiência e idosas. Tal planejamento e design urbano, centrado na família, não deve apenas significar construir mais parquinhos.
Famílias são desafiadas de forma desproporcional por um sistema de transporte falho, áreas com poucos serviços básicos e pouca área verde. Um planejamento e um design urbano cuidadoso pode ter um papel importante lidando com estes desafios e dando às crianças um bom começo de vida, ao oferecer-lhes:
- Bairros caminháveis e de uso misto que forneçam as necessidades básicas de uma família jovem dentro de um raio de 15 minutos.
- Espaços públicos verdes perto de casa com comodidades para os cuidadores e que permitam que crianças pequenas explorem com segurança.
- Rotas seguras para diferentes meios de transporte que tornem o deslocamento das famílias com crianças pequenas fácil, seguro, acessível e agradável.
- Bairros com níveis seguros de qualidade do ar e pouca poluição sonora.
- Uma vida comunitária animada que contribua com o bem-estar da família.
Além disso, um design e planejamento urbano family-friendly (amigável às famílias) pode aumentar a resiliência climática da cidade, gerar enormes benefícios econômicos, e oferecer uma plataforma para investimentos que tendem a unir forças políticas.

Como é uma cidade a partir de uma altura de 95 centímetros?
A seguir, cinco pontos de atenção para como crianças pequenas vivenciam a cidade, e de que forma o design e o planejamento urbano podem ajudar ou impedir o desenvolvimento delas.
- Os menores elementos, como um degrau ou uma estampa de azulejos na calçada, convida a brincar e explorar.
- Crianças na primeira infância dependem de seus cuidadores para se locomover pela cidade. Tornar o percurso mais fácil e rápido para que famílias com carrinhos e crianças com suas perninhas ainda pequenas cheguem a destinos cruciais é uma das melhores coisas que podem ser feitas para aliviar o estresse e aumentar a probabilidade de que estas famílias façam uso dos serviços.
- Percorrer distâncias longas entre postos de saúde, creche, espaços verdes, feiras e mercados pode ser especialmente difícil – e caro.
- A altura reduzida das crianças pequenas as coloca constantemente perto da saída de gases do escapamento dos carros que passam.
- Esperar (a chegada do ônibus, consultas e em filas) é um desafio. Recursos que permitam o explorar e o brincar tornam a espera mais fácil e criam oportunidades valiosas de aprendizagem e interação social.
No que a Urban95 foca?
As intervenções Urban95 ajudam as cidades a promover mudança de comportamento, promovendo interações parentais positivas, hábitos saudáveis; aumentar do acesso e o uso dos serviços que as famílias precisam; e reduzir o estresse nos cuidadores. As intervenções estão organizados em quatro eixos estruturantes:

A rede Urban95 no Brasil
No Brasil, a iniciativa é formada por uma rede de 24 municípios que compartilham o objetivo de desenvolver e fortalecer programas e políticas voltadas para a primeira infância.
As cidades boas para bebês, crianças pequenas e seus cuidadores são boas para todo mundo.